quarta-feira, 8 de junho de 2011

Percorrendo um pouco da Historia da PATAGONIA ARGENTINA E CHILENA

Tempos primitivos
Há 50 mil anos os primeiros povos cruzaram a ponte de terra temporária entre a Ásia e a América no estreito de Bering e iniciaram uma longa migração para o sul, chegando à Terra do Fogo 12 mil anos atrás. Caçadores e coletores, eles seguiram o caminho de imensas manadas de animais como mamutes, preguiças gigantescas, mastodontes e cavalos selvagens e aprenderam a pescar ao longo das costas. A área continua pouco habitanda e muitos povos patagônicos permanecem nômades até o surgimento de colonos europeus no século XIX.

Séculos 15-16
Os incas expandem seu império até o centro do Chile. Eles são detidos por tribos hostis da floresta no Rio Maule, perto da atual Talca. Devido à sua topografia, a Patagônia escapa das incursões incas.
1516
O navegador espanhol Juan de Solís chega ao estuário do Rio do Prata. Ele e seus homens são mortos pelos índios querandís. Outros europeus vêm a região, entre eles o explorador português Fernão de Magalhães, que se aventura no sul do pacífico passando pelo estreito ao norte da Terra do Fogo. A passagem, que ficaria conhecida como estreito de Magalhães, foi importante rota de comércio até a construção do Canal do Panamá, em 1914.
1541
Logo apó a derrota dos incas por uma pequena forçaespanhola liderada por Francisco Pizarro, Pedro de Valdívia recebe a incubência de conquistar o Chile. Ele chega ao vale fértil do Mapocho e funda Santiago. Os povoados de Concepción, Valdivia e Villarica surgem em seguida.
Década de 1580
Buenos Aires é fundada, mas a descoberta de metais preciosos no Peru e na Bolívia atrai a atenção colonial e a cidade permanece estagnada por 200 anos. Enquanto isso, um grupo de colonos liderados por Pedro de Sarmiento decide fundar uma colônia nas margens norte do estreito de Magalhães. A colônia fracassa e apenas duas pessoas sobrevivem. Isso marca o fim das tentativas de colonização europeia no sul da Patagônia durante séculos.
1598
Uma rebelião da tribo mapuche no Distrito dos Lagos chilenos, faz os espanhóis recuarem para o norte do Rio Biobio, deixando grupos isolados de colonos em Valdívia e na Ilha de Chiloé. Isso faz com que a influência européia na Patagônia fique em segundo plano.
Século XVII
Em 1616, um navegador holandês denomina a ponta no extremo sul da Argentina de cabo Horn em homenagem à sua terra natal, Hoorn. Enquanto isso, os grupos indígenas e as autoridades espanholas estão em permanente estado de guerra. Os espanhóis querem escravizar os nativos no sistema de encomiendas, um regime feudal que deu certo no Peru. Os colonizadores têm armas mais sofisticadas, mas os povos indígenas usam táticas de guerrilhas e lutam com lanças, arcos e flechas.Os espanhóis não conseguem derrotar os mapuches, surge um impasse. Nesse período uma geração de criollos (espanhóis nascidos nas colônias) se mistura com os nativos resultando em populações de mestizos. Os indígenas são gradualmente enfraquecidos pela fome, pela falta de resistência a doenças como varíola e pelo consumo de álcool. Somente em 1881 foi assinado o tratado que pos fim à independência dos mapuches do Chile.
1776
Buenos Aires vira capital do novo Vice-Reinado do Rio de la Plata, e uma importante rota de comércio para produtos europeus e contrabando. Estâncias são montadas no entorno de Buenos Aires para criar e exportar gado.
1808-1816
Napoleão Bonaparte invade a Espanha e destrona o rei Fernando VII. A Argentina declara sua independência da Espanha em 09 de julho de 1816 graças a José de San Martin, que também lidera forças militares ao lado de Simón Bolivar para libertar o Chile. Mas, a independência não traz estabilidade e nem unidade à Argertina, havendo conflitos gerados por grupos federalistas.
1827
Os cidadãos monarquistas de Carmem de Patagones, um posto avançado na porta de entrada da Patagônia, relutam em aceitar o governo criollo e em 1827 soldados, gauchos, escravos e piratas são enviados para impor a autoridade no novo governo na região.
1832-1833
O General Rosas, ditador da Argentina e comandante militar, lidera uma campanha contra os índios dos pampas acabando com sua independência e seu modo de vida. Esse é o início da incursão de forças européias na Patagônia. Charles Darwin escreveu que duvidava que qualquer povo indígena dos pampas sobrevivesse no prazo de uma geração.
1843
Alarmada pela disseminada atividade naval na região, a Marinha chilena envia um cúter ao estreito de Magalhães e erige um forte em Fuerte Bulnes, a fim de reivindicar o estreito para o Chile, o restante da Patagônia entre este ponto e o continente passa aficar sob jurisdição chilena.
1845-80
O governo chileno estimula assentamentos em torno do Lago Llanquihue e o que resulta em ampla imigração de colonos alemães para a área. O legado dessa colonização é visível nos edifícios de aparência alemã em torno de Puerto Octay, Frutillar e Puerto Varas. Em 1848, o Chile funda Punta Arenas, tornando permanente a reinvidicação chilena pelo estreito de Magalhães. O local torna-se colonia penal inspirada na da Austráia e em 1867 é aberto a estrangeiros e ganha a condição de porto livre. A cidade prospera como centro de reabastecimento de combustível e mantimentos para navios a vapor atéa abertura do Canal do Panamá,em 1914.
1853
Juan de Rosas, o poderoso governador de Buenos Aires, impõe a ordem ganhando apoio ao tomar terras de povos indígenas e dando-as a amigos na “Campanha do Deserto”. Segue-se uma nova era de crescimento e prosperidade.
1865
Imigrantes galeses chegam a Puerto Madryn, a costa atlântica e se estabelecem ao longo do vale de Chubut. Sua meta é libertar-se dos opressores ingleses e achar um local seguro para paticar sua religião em seu próprio idioma. Eles aprendem muitas coisas com o povo indígena tehuelche e conseguem irrigar o vale para fins agrícolas. Em 1889 uma ferrovia liga Puerto Madryn a Trelew, permitindo que os galeses exportem sua produção.
1879
A expansão no sul fica mais agressiva, havendo confrontos crescentes com as populações indígenas. A “Camapanha do Deserto” do presidente Julio Roca envia uma força contra os povos indígenas da Patagônia, a qual extermina muitos deles e confina o restante em assentamentos. O governo faz a fronteira avançar e a ferrovia no sul abre caminho para umanova colonização europeia.
Fim do século XIX
Grandes extensões de terras são divididas e cada colono recebe 40ha. A Argentina é transformada por uma economia estável baseada na pecuária, investimentos estrangeiros e imigração europeia.Tomas Bridges (Reverendo Anglicano) funda a missão na Terra do Fogo.
Início do século XX
A pobreza rural nos dois países leva à urbanização e ao alto desemprego e a riqueza fica concentrada nas mãos de poucos. O boom da lã estimula a criação de grandes fazendas ovinocultura na Patagônia. Muitos migrantes vem da Ilha de Chiloé para trabalhar nas fazendas da Patagônia argentina e na Terra do Fogo chilena.
Décadas de 1940-50
Após um golpe militar de 1943, Juan Perón assume a presidência da Argentina em 1946 e 1952. Líder autoritário e carismático, institui reformas severas contra a elite econômica e a favor dos trabalhdores. Em 1955 é deposto e se exila na Espanha,mas continua popular entre as massas e faz um breve retorno em 1973.

Décadas de 1960-70
A política do Chile torna-se cada vez mais polarizada. A colizão socialista liderada por Salvador Allende introduz amplas reformas, com redistribuição de renda e estatizaçao de muitas empresas privadas. O país mergulha num caos econômico.
11 de setembro de 1973
O General Augusto Pinochet toma o poder em um golpe sangrento. Allende supostamente comete suicídio e milhares de seus apoiadores são assassinados. Durante a ditadura que se impõe, calcula-se que 80 mil pessoas são torturadas, assassinadas ou exiladas;um dos primeiros centros de detenção é na Isla Dawson, no estreito de Magalhães.
1976-83
A construção da Carretera Austral tem início no Chile. O novo governo militar da Argentina institui um período de terror conhecido como “Guerra Suja”. Qualquer pensamento vagamente esquerdista, oposição ou crítica aos militares é sufocado com torturas violentas e eliminação por esquadrões da morte. Mais de 30 mil pessoas desaparecem. O conflito interno dá lugar à guerra contra os britânicos pelas disputadas ilhas Malvinas (Falklands). A democracia volta a se instaurar quando Raúl Alfonsín se torna presidente, em 1983.
1978
A Argentina e o Chile quase entram em guerra pela disputa territorial de três ilhas: Lennox, Nueva e Picton, no canal de Beagle. O papa tem de intervir e as ilhas são cedidas ao Chile.
1973-90
Pinochet dissolve o congresso no Chile, bane partidos de esquerda e sufoca toda a oposição. Suas políticas econômicas trazem relativa prosperidade, mas um plebiscito e 1988 mostra que ele é rejeitado por12% da população. A democracia retorna com a eleição do democrata cristão Patrício Aylwin como presidente em 1990.
Década de 1990
Na Argentina, o presidente peronista Carlos Menem, institui grandes reformas econômicas, vende empresas estatais e abre a economia para investimentos estrangeiros. O país se endivida gravemente. Em 1999 o presidente Fernando de la Rua, da aliança de centro-esquerda UCR, promete um combate à corrupção e medidas duras para equilibrar o orçamento da Argentina.
2001
Em dezembro, há manifestações em todo o país quando o acesso a contas bancárias fica restrito ao “corralito”. A Argentina mergulha em uma série de crise econômica e política. Rebeliões, pilhagens e caos civil disseminado resultam na morte de 27 pessoas.
Janeiro de 2002
Eduardo Duhalde torna-se o quinto presidente da Argentina em duas semanas. Ele é forçado a desvalorizar o peso para poder emprestar dinheiro ao FMI. A classe média é devastada e muitos perdem as economias de toda uma vida. A pobreza disseminada torna-se uma realidade, com desnutrição infantil e o desemprego atingindo mais de 20%.
2003
As eleições na Argentina ameaçam o retorno de Menem ao poder, apesar de ele ter levado o país à falência com a venda das empresas estatais. Néstor Kirchner ganha por uma margem estreita prometendo reduzir a corrupção e enxugar o funcionalismo público. O país recobra certa estabilidade. O turismo floresce com estrangeiros atraídos pelos preços baixos e com os argentinos percebendo que seu país é mais belo do que férias em Miami, a aspiração de muita gente durante os anos Menem.
Atualmente
A Patagônia continua na extremidade da Argentina e do Chile. Historicamente ausente dos limites nacionais até o século XIX, a região ainda difere muito do restante dos dois países. Alguns aspiram à utopia de uma Patagônia unida, livre de disputas internas entre as bases do poder de Buenos Aires e Santiago.

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