domingo, 5 de junho de 2011

Historia do RIO GRANDE DO SUL (resumo)

RIO GRANDE DO SUL

                   Repleto de atrativos naturais, o Rio Grande do Sul é um estado brasileiro onde o turismo pode ser feito de janeiro a dezembro. Isto porque a sua geografia, aliada ao fato de possuir as quatro estações do ano bem definidas , propicia alternativas para as diversas modalidades turísticas. Diante desta realidade, o RS oferece, hoje, estrutura e opções segmentadas de turismo como o ecológico, rural, náutico, esportivo, pesca, saúde, cultural, religioso, entre outros. De sua capital, Porto Alegre, ao interior, passando pela Região da Serra, Litoral Norte, Costa Doce (também conhecida como Mar de Dentro), Litoral Sul, Região das Missões, Zona dos Vales, Região Central (chamada de Coração do Rio Grande), Pampa e Região das Hidrominerais, a natureza do Rio Grande do Sul se eleva e estende-se generosa e deslumbrante. Vigiando com o máximo carinho e cuidado a riqueza natural desta Terra estão os seus habitantes, resultado de vários grupos étnicos, com seus sentimentos apurados pela História, sua sensibilidade e sentido natural de hospitalidade. Quanto a sua localização, o RS está situado numa posição estratégica em relação aos países do Mercosul, bloco formado pelo Uruguai, Argentina, Paraguai e Brasil. Os principais eixos rodoviários que ligam estes países passam pelo Estado. O porto de Rio Grande favorece o escoamento de produtos brasileiros para os países vizinhos. O Estado tem as fronteiras brasileiras mais extensas com os países do Prata: 1.003 km com o Uruguai, ao Sul, e 724 km com a Argentina, a Oeste. Ao Norte, o Rio Grande do Sul faz divisa com o Estado de Santa Catarina ao longo de 958km; a Leste, com o Oceano Atlântico, numa extensão de 622km.
Ao conhecer a geografia do RS, o visitante poderá perceber a exuberância de suas paisagens, relacionar-se com uma cultura diversificada através suas tradições, folclores, gastronomia e, ao mesmo tempo, experimentar uma rara sensação de intimidade com a vida.

MÚSICAS E DANÇAS GAUCHESCAS
                   As músicas e, por conseqüência, as danças gaúchas demonstram o sincretismo étnico na formação cultural do povo do Rio Grande do Sul. De acordo com estudos anteriormente realizados, o primeiro contigente a influir na formação das danças sul-rio-grandenses foram os colonos açorianos, que aportaram no Estado em 1752. A partir daí, fomos incorporando a bagagem cultural, juntamente com o ouvido, das demais correntes migratórias européias, africanas e de países latino-americanos.                    Ao longo do tempo, as músicas tocadas no RS adquiriram roupagem própria, com suas variantes, ficando cada estilo a critério de cada grupo ou indivíduo. Este fato refletiu-se nos segmentos derivados da musicalidade, como a dança por exemplo. Ou seja, a dança é a expressão corporal do som e não o contrário. Aqui no Estado não foi diferente. As músicas e danças gauchescas vinculam-se ao meio rural, independente da região mas com as características da colonização das mesmas. Assim poderíamos elencar desde o Vaneirão ( cuja raiz está na havaneira) até os ritmos "importados" do Prata, como o Chamamé e a Milonga, entre outros. Da mesma forma citamos o Fandango, uma manifestação festiva das mais tradicionais do RS. A sua origem está nas danças do século passado, apresentadas de forma mais ou menos comuns: acompanhados à viola, tinham uma parte cantada e outra, com solo instrumental, sapateada. Os fandangos, com exceção das Tiranas, eram portugueses ou luso-brasileiros - vindos de outros estados do Brasil. O seu ciclo predominou no Rio Grande do Sul, desde o início do século XIX até a guerra do Paraguai (1865-1870), quando os novos ritmos trazidos pela gaita e liderados pela Valsa propiciaram o surgimento de novas opções e estilos de música e dança. Hoje, contudo, os festivais de música nativista estabeleceram um novo padrão, tanto na música em si como nas letras. Sempre lembrando de suas raízes musicais as novas composições, entretanto, apresentam-se dentro de um estilo mais contemporâneo, o qual não se apega apenas ao bucólico, mas, também, à realidade do cotidiano.

Referência bibliográfica: Danças Tradicionais Rio-grandenses-Côrtes, J. C. Paixão.
Curso de Tradicionalismo Gaúcho - Fagundes, Antonio Augusto.

ETNIAS

                   A História do Rio Grande do Sul inicia-se quase duzentos anos após o Descobrimento do Brasil com a fundação de Colônia do Sacramento (hoje situada no Uruguai), quando tardiamente os portugueses mostraram interesse pela região. A partir daí segue-se um longo período de guerras entre portugueses e espanhóis pela posse da terra. A disputa entre os dois países ibéricos só terminaria com a definição das atuais fronteiras do sul do país, em decorrência da independência do Uruguai em 1825. Deste período cabe destacar a atuação do padres jesuítas espanhóis que em 1634 iniciaram a catequização dos índios guaranis e introduziram o gado bovino. Desta primeira vinda dos jesuítas, após sua expulsão em 1641, ficou espalhado pela vastidão do pampa parte do gado que se tornou "chimarrão", ou selvagem. Este fato deu origem ao gaúcho e toda a tradição campeira do Rio Grande do Sul. Em 1682 voltam os jesuítas fundando 8 reduções ou povos. Destas, 7 prosperaram tornando-se os "Sete Povos das Missões". Estes Povos foram verdadeiras cidades que, sob o forte comando dos religiosos, vicejaram a ponto de causar preocupações tanto por parte do governo português como dos espanhóis. A República Guarani teve no Tratado de Madri (1750), quando foi trocada por Colônia do Sacramento, o início de sua queda total, o que veio a ocorrer em 1756 no massacre de Caiboaté, quando pereceram cerca de 1.500 índios. Por conta da constante luta territorial, o sul foi uma civilização militar e pastoril nas imensas áreas de pasto propícias para a criação de gado bovino, colonizado inicialmente por tropeiros e militares, brasileiros de outras regiões e portugueses, principalmente açorianos. Estes, marcaram profundamente a formação do tipo sul-rio-grandense com a chegada dos casais açorianos a partir de 1747. No século XVIII formavam mais da metade da população. Assim, a origem do gaúcho é predominantemente luso-brasileira e açoriana. Completando o arcabouço cultural do Rio Grande com seu legado estão os índios, primitivos habitantes do país, e os negros que entraram maciçamente no RS como mão-de-obra escrava para a produção industrial da carne salgada, as charqueadas, iniciada em 1780. São também etnias integrantes do período inicial, embora menores, os judeus e os hispânicos, sendo a influência dos últimos mais restrita a região fronteiriça com seu natural intercâmbio. Posteriormente chegaram os alemães (1824) e os italianos (1875) que adentraram em território gaúcho em ondas migratórias incentivadas pelo governo brasileiro. Estes imigrantes, trazendo e mantendo aqui suas tradições e costumes, enriqueceram o panorama cultural rio-grandense enormemente, constituindo-se em poderoso atrativo turístico as regiões em que esses imigrantes, alemães e italianos, se estabeleceram. Novas migrações continuaram a integrar o mosaico cultural do Rio Grande do Sul. Os poloneses, no fim do século XIX, chegaram com forte contingente e os japoneses, após a 2ª Guerra Mundial. Imigrantes árabes, de marcante presença - logo atrás de poloneses - já estavam em todo o Estado por volta de 1880. Em menor número, mas digna de nota, é a presença, em nosso meio, de holandeses, chineses, franceses, ucranianos, russos, letonianos, ingleses, americanos, suíços, belgas, húngaros, gregos e suecos que, mais recentemente, aportaram em solo gaúcho. Hoje pode-se afirmar que há pessoas de todas as partes do mundo vivendo no Rio Grande do Sul, todos trazendo sua cultura e absorvendo nossas tradições, tornando-se autênticos gaúchos. Há, também, gaúchos espalhados pelo Brasil e o mundo, levando onde quer que se estabeleça um pedaço do Rio Grande do Sul e a beleza de sua rica tradição.


 ARTESANATO

                   O artesanato é a expressão mais genuína da autenticidade popular, é a fusão de várias culturas que passa de geração em geração, que se identifica com seu entorno, sua simplicidade de desenhos e revelam seus sentimentos.  O turista que visitar o Rio Grande do Sul terá a oportunidade de constatar esta afirmação. Aqui, o visitante poderá apreciar e adquirir um artesanato regionalizado, e conseqüentemente diversificado, conforme as distintas etnias do nosso povo. Porém, o artesanato mais característico do Rio Grande do Sul é aquele representado pela cultura e hábitos do pampa. É nesta região que o gaúcho buscou inspiração e os materiais necessários para construir os utensílios de seu rancho, bem como aqueles destinados as lides campeiras. Entre os materiais ainda hoje empregados no trabalho artesanal está o couro bovino cuja origem do seu uso confunde-se com a história antropológica do gaúcho. É o principal componente de produtos tradicionalmente artesanais, como bainhas de faca, boleadeiras, arreios, botas, guaiacas, malas de garupa, assim como móveis caseiros, como o lastro trançado em couro das camas e os assentos e encostos das cadeiras. Mas se o couro pode ser tirado de outros animais, e não apenas necessariamente de bovinos como se pensa, os chifres tem origem definida. Os cabos de facas, chairas e canivetes, que são ornamentados com chifres bovinos, destacam-se de seus similares. Assim como servia- e serve - de cantil para guardar a "canha" (cachaça). Antigamente, os chifres também eram utilizados para a fabricação de isqueiros. Dentro da linha de artesanato campeiro, destaca-se ainda a lã de ovelha. Esta matéria prima é a mais representativa do artesanato sul-rio-grandense de inverno, sendo a base para confecções de cobertores, agasalhos, tapeçaria e decoração de ambientes, estas duas últimas originalmente encontradas em casas de campos, sítios e fazendas, hoje enfeitam também as residências urbanas. Contudo, a tradicional cuia de chimarrão, símbolo máximo da bebida do gaúcho, não poderia faltar. Seu trabalho artesanal elaborado a partir da fruta do porongueiro, o porongo, chama atenção pela sua rusticidade e durabilidade. Com isto, assinala-se a linha de frente da expressão artesanal do RS, sem esquecer, entretanto, de citar os trabalhos trançados em palha de milho e os produtos indígenas que tem no cipó e no guaimbé a matéria prima essencial para a fabricação de arcos, flechas, chapéus, cestas e ornamentos. E após conhecer de perto nosso artesanato, o turista poderá dizer:

O GAÚCHO TRADICIONALISTA

                   As peculiaridades da ocupação do extremo sul do país marcaram profundamente sua cultura. A luta constante pela posse da terra e a exploração do gado bovino na imensidão do pampa desenvolveram-se no rio-grandense um intenso sentimento nativista, traduzido pelo amor a terra e a tudo relacionado com a atividade da pecuária, usos e costumes da vida campeira; diz-se por aqui que o gaúcho tem duas pátrias: a pequena e a grande. Este amor à terra e o apego à tradição pastoril determinaram entre nós o surgimento de uma forma - única no mundo - de culto às tradições, com a fundação, em 1948, do primeiro CTG - Centro de Tradições Gaúchas, o "35 CTG". Hoje são em torno de 2.000 Centros filiados ao MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho, entidade que congrega e orienta sobre assuntos que envolvem o tradicionalismo no RS. Este movimento de culto às tradições, após o impulso inicial, ultrapassou as fronteiras do estado e também do país, sob o lema " Em qualquer chão - sempre gaúcho!" Num CTG, que reproduz simbolicamente as atividades de uma típica estância gaúcha, existem departamentos - chamados Invernadas - destinados a sistematizar o culto das tradições. A Invernada Cultural cuida da biblioteca, museu, cursos, palestras e conferências; a Invernada Campeira cuida das lidas gauchescas (rodeios, cavalgadas, desfiles e demonstrações) e a Invernada Artística trata da música, canto, dança, poesia e tudo relacionado a arte dentro de um CTG. O gaúcho tradicionalista dá grande importância à indumentária típica, de uso obrigatório e regulamentado dentro do CTG e fora dele em ocasiões especiais. O homem, chamado "Peão", usa bombachas, botas, camisa, faixa na cintura, guaiaca (cinta larga com vários compartimentos), colete, casaco, poncho ( pesada veste de inverno), lenço atado ao pescoço e chapéu. E a mulher, a "Prenda", usa um vestido de chita estampada ou lisa, com passa-fitas, apliques, babados e rendas, de uma só peça, com a barra da saia à altura do peito do pé, bombachinhas até a altura do joelho, meias longas, sapatos de salto grosso e cabelos soltos ou em trança, enfeitados com flores ou fitas. Mas todo o gaúcho ou gaúcha, mesmo que não seja "de carteirinha" cultua nossas tradições. Seja tomando um chimarrão, solitário ao amanhecer ou numa roda de amigos nos fins de tarde, seja reunindo a turma aos domingos para saborear um autêntico churrasco ou, ainda, ouvindo música regionalista gauchesca ou lendo a extensa poesia tradicionalista, ou simplesmente sentindo-se gaúcho - que alguém disse ser um estado da alma: nossa forma toda especial de sermos brasileiros. Com muito orgulho.

O QUE SE BEBE NO RS

                   Sem que se pense muito detidamente, a afirmação seria chimarrão... o que é verdade, eis que este é um tipo de mate, a bebida típica do RS, e o chimarrão seu tipo mais comum e difundido. É o mate amargo, preparado com erva-mate (ilex paraguariensis), água quente (não fervida), sorvido em uma cuia de porongo (lagenaria vulgaris) , com uma bomba metálica. Mas se bebe também o mate doce, onde se coloca açúcar ou mel, como ainda fazem muitas mulheres... Não tão costumeiro hoje, mas para que se registre, há ainda o mate com leite e o com cachaça quente. Café é como em todo o Brasil, puro ou com leite. Mas também há os peculiares, como o engrossado com farinha de mandioca e o típico dos galpões de estância, o café de chaleira, onde o gaúcho coloca o café diretamente sobre a água que está no fogo, mexendo-o até ferver, quando coloca uma brasa na mistura, fazendo com que o pó vá ao fundo da chaleira. Aí, é só adoçar, servir e beber... Aqui se bebe também muita canha. Que não é nada mais nada menos que o conhecido destilado de cana-de-açucar, a conhecida cachaça. Mas a cana-de-açúcar também fornece ao gaúcho uma apreciada bebida sem álcool, a garapa, que consiste no seu sumo, espremido e moído, resultando em um líquido verde, grosso, adocicado e espumoso. Servida gelada, com gotas de limão, é o refrigerante natural, muito comum nas regiões litorâneas, mas já se inserindo em outras localidades do RS. Fruto das colonizações portuguesa e italiana, o vinho não poderia faltar na mesa do gaúcho, tanto o "de cantina", produzido artesanalmente pelo colono, como os industrializados, de fama internacional. Da uva também se produz um gostoso suco, e de sua casca uma aguardente, a graspa. Do vinho, os jovens fazem o capilé, misturado-o com água bem gelada e açúcar. Fervido com água, canela, açúcar e casquinha de limão, servido bem quente, o vinho se transforma em quentão, comum e muito apreciado no inverno. Também colonizado por alemães, o RS produz e consome muita cerveja, mantendo ainda marcas regionais de apreciado sabor. Em muitas festas na região da imigração teutônica, ainda é comum, ao lado do chope (muito bebido por aqui), beber-se cerveja caseira branca e preta. Assim como na culinária, a variedade de bebidas é grande. Sucos de várias frutas, que também são transformadas em deliciosos licores, chás de muitas ervas, inclusive medicinais, muito leite e também caldo de sopão e de feijão, bebidos em copo. Escolha a bebida e venha brindar conosco!

CULINÁRIA GAÚCHA

                   Uma das afirmações mais comuns e ao mesmo tempo carente de fundamento, é aquela que diz ser a cozinha gaúcha limitada a poucos pratos. No entanto, fruto da diversificação cultural que caracteriza o RS, nos mais diversos recantos, seja no campo, na serra ou no litoral, temos uma culinária tão diversificada quanto apetitosa. A idéia de buscar os pratos, divulgá-los e saborear os resultados é vencer os desafios daqueles que perguntam "o porquê da cozinha gaúcha resumir-se no churrasco, no carreteiro e em algumas cositas mas" (Carlos Castillo, 1995). Aos que insistem na carne bovina como base da culinária gaúcha, convém um lembrete: fruto da crise econômica, com elevação constante no preço dessa carne, as classes populares tiveram-na quase que desaparecida em seu cardápio. Com isso, valorizou-se a carne ovina, dando ao rebanho outro aproveitamento além da produção de lã; constante primeiro nas estâncias, hoje seu consumo na área urbana difunde-se a cada dia. Destaca-se, ainda, o forte uso das carnes de galinha e de porco, sem que se esqueça os pratos característicos do gaúcho caçador (perdiz, ratão do banhado, cutia, entre tantos outros) e do gaúcho pescador, seja do mar ou de água doce, mesmo que não sejamos habitualmente pescadores. As culturas estrangeiras trazidas e desenvolvidas em consonância com os hábitos da terra, incorporaram ao RS hábitos alimentares peculiares, permitindo-se que se fale em cozinha teuto-riograndense, ítalo-gaúcha e afro-gaúcha, esta última associada também, mas não apenas, às manifestações religiosas do negro escravizado. Embora o predomínio da carne, a cozinha gaúcha utiliza também arroz, feijão, batatas (inglesa e doce), abóboras, morangas, aipim, milho, couve, repolho, temperos tipo mangerona, sálvia, alecrim, além de frutas como banana, laranja, pêssego, maçã, uva, guabiroba, sem que esta listagem seja excludente, até pelo contrário... No dizer do antropólogo e pesquisador Antonio Augusto Fagundes (1995, pág. 61), "não há no mundo cozinha mais variada e mais rica que a do Rio Grande do Sul".


Bibliografia básica consultada:
FAGUNDES, Antonio Augusto. Curso de Tradicionalismo Gaúcho, Porto Alegre, Martins Livreiro, 1995)
CASTILLO, Carlos. Fogão Campeiro. Porto Alegre, Martins Livreiro, 1995.

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